
Nas fendas do meu corpo
Esconde-se meu brilhante animal
Tentando superar-se a si próprio
Musa Escorpião
O círculo de fogo fecha-se
Em torno da tua vasta imagem
E sobre ti mesma, o ferrão
Nunca te entregas rosto de imutável força
Na palma da mão um coração lateja
E o ser preso entre tentáculos,
É meu coração
Sibilas na minha cama
Serpenteias entre os dedos dos meus pés
Assim como quem sabe a mágica da surpresa
Sobes entre as minhas coxas, inexorável,
Governando todos os sentidos que perco.
Ah! Dragão que se implanta
Entre meus desejos
Temo e não respeitas meu pânico.
Abstraída toda consciência,
Subtraída toda decência
Eu te percorro rumo ao mundo interior
Das guitarras elétricas
Mitológicas cordas do teu clitóris
Que aciono qual bomba atômica
Trazes os fantasmas que apavoram
Exorcizas os demônios
E cataclismicamente
Me lanças
No teu abismo pálido e róseo
Meu astro em queda ferido
Pelo movimento impetuoso do cosmos
Nas fendas do meu corpo
Colocas todas as dúvidas da existência.
Teus braços, oráculo, recuperam minha visão
Nos primeiros raios de sol,
Me guias até o limite de mim mesmo.
Migras, alma multifacetária,
Através da incógnita solidão.
Chega como um deserto onde eu deva
Fazer e ressuscitar
E te amo nas pregas de cada cortina
Nos teatros vazios,
Nas mesas que derrubo na madrugada,
Nos copos que atiro contra paredes
Na busca ilúcida de mim mesmo
Nesta paixão-combate
Fúria que dilacera, me encontras
Me devoras, como se eu fosse o macho
De fêmea sem par, não existindo razão
Para viver, depois do prazer
Musa Escorpião
Mãe de toda luz, de toda escuridão
Vingamo-nos do tempo que se esvai
Vencendo a morte num abraço habilidoso,
fatal para todos os anjos.
Transcendemos os mistérios
Na ousadia do amor que fazemos.
E me matas e se suicidas
No divino brinquedo da liberdade
Musa Escorpião
Sou tua pedra, tua gruta
Tua vítima, cedendo ao momento
Mais claro da tua harmonia, a paixão.
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